22 de junho de 2012

PERSONALIDADES DA MÚSICA INSTRUMENTAL SERIDOENSE: JOSÉ IVANALDO DA SILVA - SANSÃO



José Invanaldo da Silva, filho de Inácio Alves Dantas e Jacinta da Conceição, nasceu na vizinha cidade de Acari/RN no dia 28 de junho do ano de 1975, porém, viveu sempre em Jardim do Seridó/RN.

O interesse pela música nasceu desde cedo. Quando criança Ivanaldo costumava ir para a feira livre da cidade em busca de músicos e grupos, em especial, sanfoneiros e trios de forró que se apresentavam naqueles locais, principalmente em bares localizados no mercado público. Sempre que surgia uma oportunidade, esse pegava um instrumento de percussão como zabumba ou triângulo e acompanhava o som da sanfona e dos vocalistas que cantavam baiões, xotes e forró em geral. Assim, aquele menino deu início ao seu desenvolvimento musical, tocando sempre que conseguia uma chance nas feiras com sanfoneiros como Chico do Fole, Balôdo, Euclides, Chico de Manoel de Rita, Geraldo Cara-Olho dentre outros. E assim, Sansão passou a sua infância.

Em 1993, o funcionário da Prefeitura de Jardim do Seridó Francisco de Azevedo – conhecido popularmente pelo apelido de Neném de Chicó – que era trompetista e professor de música da Escola Geovanni de Azevedo Morais, localizada à época, no edifício conhecido como Sobrado do Pe. Justino, próximo a praça Dr. José Augusto, no qual formava músicos para a Banda Musical Euterpe Jardinense, perguntou ao pai de Ivanaldo que também era funcionário daquela instituição pública se aquele jovem não teria interesse em aprender música. Ao chegar em casa, Inácio Alves comentou com o seu filho sobre a conversa que Neném havia tido com ele e Sansão de pronto demonstrou interesse em enveredar no mundo da arte musical.

Naquela época, era comum nos jovens aprendizes de música quando iam dar início ao aprendizado na área musical, o receio de receber do maestro o instrumento musical denominado tuba. Talvez pela sua dimensão ou pelo seu formato, o mesmo não agradava a grande maioria dos alunos. E entre eles já era tido como popular a crença de que quando o aluno se iniciasse na aula de leitura musical com o professor Neném fosse designado a aprender a pauta na “clave de fá” e não na de “sol” era um forte indício de que aquele futuro músico estaria sendo preparado para tocar o contrabaixo, popularmente conhecido como tuba. No primeiro dia de aula na escolinha de música, Sansão foi apresentado à clave de fá.

Diante daquele fato Sansão tratou logo de criar uma estratégia para que o professor transferisse o seu estudo para a clave sol. O mesmo inventou que estava doente e passou alguns dias sem frequentar as aulas de música, enquanto isso, procurou o amigo do bairro e músico da banda Euterpe conhecido popularmente pelo apelido de Baúba e pediu para o mesmo o ensinar a pauta na clave de sol. Alguns dias depois, Ivanaldo volta a escolinha de música e pede ao professor para mudar a clave de estudo pois ele já sabia de cor as notas músicais da clave de sol. Ao fazer um teste para comprovar o que o jovem músico havia dito, foi confirmado a sua aptidão. Então dessa forma, Sansão se livra da clave de fá e do medo de pegar o tão temido “tuba”.

Sansão passou pela iniciação musical que consistia de aulas de solfejo e alguns meses depois chegou a tão sonhada hora de receber do maestro da banda Euterpe o seu instrumento musical e dar continuidade a capacitação, através da prática instrumental.

Ao chegar na sede da referida instituição musical, localizada próximo ao Mercado Público daquela cidade, Sansão foi recebido pelo então maestro José de Oliveira Meira, conhecido populamente pelo apelido de “Zé Meira” que o levou ao tão esperado momento: A entrega do instrumento. Em cima de uma mesa haviam dois instrumentos, um trompete e um bombardino. Ivanaldo recebe do maestro o bombardino, quem dispõe os sons anotados na clave de fá.

Sansão que pensava ter escapado da referida clave agora estava com outro instrumento de natureza grave com anotação justamente nessa clave. Neste momento, ele cria novamente um plano para mudar de instrumento, inventando que havia adquirido um problema de garganta com a prática do mesmo, e pediu para trocá-lo por outro. Todavia, dessa vez  o plano deu errado, então o referido aprendiz teve que continuar com o bombardino, e assim, deu continuidade a prática instrumental com o qual se identificava cada vez, até entrar efetivamente na Banda Musical Euterpe Jardinense que havia naquele momento passado a contar com um novo maestro: Orilo Segundo Dantas de Melo.

Aproximadamente dois anos após entrar para a banda, Segundo pediu para Sansão entrar para o naipe de contrabaixos, já que naquel momento o mesmo estaria desfalcado. O jovem músico vai e pouco a pouco começa a admirar aquele instrumento tão temido por ele.

Na sede da Euterpe, Ivanaldo passou a observar nos ensaios, os naipes de instrumentos musicais, como cada um executava um som diferente, mas que quando se uniam dava certo, formando por completo a peça musical. Buscando entender como aquilo funcionava, o jovem músico passou também a prestar atenção nos momentos em que o maestro Segundo construía arranjos musicais e dobrados. Assim, esse se interessa e passa então a estudar teoria musical em sua casa e reber orientações do maestro Segundo e participando depois de cursos e seminários de música, aprofundando desta forma os seus conhecimentos naquela área artística.

No ano de 1995, devido aos seus conhecimentos teóricos adquiridos acerca da escrita música e por já transpor músicas em partituras, Sansão é convidado por Segundo para ocupar a função de Copista da banda Euterpe e o músico aceita o desafio. Algum tempo depois é indicado pela equipe de coordenação da Euterpe para representar os músicos naquela diretoria.

No ano de 2001, com a saída do contramestre Adilson, conhecido popularmente pelo apelido de Dantinhas, os músicos escolheram por unanimidade José Ivanaldo para ocupar àquele lugar. Assim, Sansão assumiu a função de contramestre da Banda Musical Euterpe Jardinense. No ano seguinte, o referido músico participou de um curso sobre manutenção de instrumentos musicais e começou atuar na área, montando sua própria oficina, juntamente com o amigo e maestro Orilo Segundo, passando a consertar instrumentos de músicos e bandas de toda a região do Seridó norte-rio-grandense e do vizinho estado da Paraíba.

Além das funções de Regente-substituto – nova denominação dada a antiga função de contramestre, regulamentada no ano de 2004 – e técnico em manutenção de instrumentos musicais, Sansão também realizou e realiza vários outros trabalhos na referida área cultural, como composições, elaboração de arranjos e participação em grupos musicais como: Grupo Samba Só (flauta e percussão), banda Pé-de-Lã (saxofone), Ariaxé (saxofone), Adelange (saxofone, flauta e violão), Beijo de Mel (Acordeon), Chico de Manoel de Rita e os Teimosos do Forró (Zabumba), MPB Clássico (flauta).

Atualmente, José Ivanaldo da Silva também é o organizador e regente da Orquestra de Saxofones Clave de Sol de Jardim do Seridó/RN.

Texto: Antônio Júnior (Junhão)

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