17 de agosto de 2009

PEDRO DA CRUZ SALGADO: O MAESTRO DAS QUATRO MIL MÚSICAS





Aqueles que se eternizam pela extensão e qualidade de suas obras, esses são os imortais.

Imortais são obstinados. Obstinados reformadores da vida. São originais... são presença do novo que corrompe a monotonia instalada pela irreflexão... transbordam ao mundo porque se preenchem dele.

A imortalidade é um prêmio à vida bem vivida. Uma indelével marca histórica, mesmo que distante da memória de muitos.

Pedro da Cruz Salgado, maestro de alma aparecidense, é um desses espíritos resolutos que se imortalizam na criação.

Sua vasta produção musical, de altíssima qualidade, demonstra um amor esmerado pela arte da composição. Encontrou a beleza na música, como ele próprio afirmava.

O renomado maestro superou as fronteiras do tempo, tornando-se, hoje, presença expandida de sua época. Sua música, duradoura, provoca um atemporal frescor n’alma. Para uns, clama a memória, para outros, pede a sensibilidade.

O maestro Pedro da Cruz Salgado figura entre os maiores compositores de dobrados para bandas de todos os tempos na história da música brasileira.

Perfila com Antonio Francisco Braga, Anacleto de Medeiros, Antonio Carlos Gomes, Francisco José Flores, Joaquim Antônio Naegele, Ernesto Julio Nazareth, Bento Mossurunga, Antônio Pedro Dantas, entre outros, na galeria dos mais expressivos compositores para bandas de música nos séculos XIX e XX.

O amigo e admirador Jorge Frederico Messas Bittar, com elegantes palavras, realça a importância deste grande músico inspirado pela flauta da musa Euterpe:
“Pedro Salgado é uma dessas criaturas originais e raras, e por que não dizer, divinas".

Sua inspiração vem do Alto, pois só assim poderia ele compor as páginas maravilhosas com que enternecem nossos corações e que são as centenas encantando os ouvintes com o seu ritmo gostoso e melodia bem brasileira.

A musicalidade de Pedro Salgado fazia dele “uma usina de inspiração". A sonoridade do mundo orquestrava em seu espírito.

O maestro é de um tempo em que havia tempo de “estar à toa", de ver "a banda” e de “ouvir coisas de amor".

Recuperar a memória deste grande músico de Aparecida é um imperativo ético. Impõe-se como condição para a construção da identidade musical local e nacional.
Uma enorme dívida de reconheci­mento precisa ser paga a Pedra Sal­gado pela história da música genuina­mente brasileira.

Aparecida e o Brasil precisam reco­locar Pedra da Cruz Salgado no lugar de destaque musical do qual jamais deveria ter saído.

Filho de Bibiano da Cruz Salgado e de Dona Augusta Gonçalves Salga­do, descendentes de portugueses, Pedro Salgado nasceu na cidade de Arrozal do Piraí, estado do Rio de Ja­neiro, em 13 de agosto de 1890.

Com apenas um a­no e meio de idade, Pedro Salgado ficou órfão de pai.

Dona Augusta, mulher simples e carregada de amor aos filhos e fibra para o trabalho, ficou com a árdua tarefa de cuidar dos filhos Pedra e Antonio, o que fez com a tenacidade dos fortes.

Em 1892, porém, diante do agravamento das dificuldades, Dona Au­gusta, na esperança de dias melhores, mudou-se, com os meninos, para a cidade de Taubaté, importante centro urbano do Vale do Paraíba Paulista e onde residia o seu irmão mais velho. Dois anos mais tarde, transferiu-se para Quiririm, distrito da mesma cidade, a fim de morar com sua mãe, que lá residia.

A convite do Cônego Antonio Marques Henriques, em 1986, o padrasto de Dona Augusta, que era jornalista, transferiu-se com a família para Aparecida e fixou residência na rua Monte Carmelo.

O jornalista atendeu ao pedido do Cônego para ser redator do jornal "Luz D'Apparecida", um periódico de circu­lação semanal e que era um dos mais antigos da região e encontrava proje­ção nacional.

Ainda assim, a situação não ficou mais amena para a família do peque­nino Pedro. Dona Augusta conti­nuou trabalhando, arduamente, cuidando de tarefas domésticas como lavar e passar roupas "pra fora" e fazendo pequenos serviços para a igreja.

Em Aparecida, o menino Pedro Salgado, então com seis anos, encontrou um rico ambiente musical que despertou o seu gosto pela arte e, poste­riormente, favoreceu o desenvolvimen­to de seu talento.

Imerso entre músicos de elevada capacidade de composição e execução, Pedro da Cruz Salgado passou a infância ouvindo composições primorosamente executadas por expressi­vos nomes da música local.

Encantado pela música, o humilde menino era presença garantida na audiência das bandas de música da cidade. Junto ao coreto, dificilmente perdia as retretas. A impertinência do petiz acabava sempre por vencer a mãe que acabava cedendo aos insistentes pedidos. Era quase impossível contê-Io em casa quando havia banda na rua.

Não bastasse ouvir, também acom­panhava os músicos comprazendo-se com um pequeno mimo: freqüente­mente pedia para carregar os instru­mentos dos músicos da banda e, ge­ralmente atendido, com galhardia e or­gulho os empunhava. Era comum ver o menino perfilado com a banda carregando um piston.

A "música" também soava para a­lém da casa de Pedro quando ele resolvia, com seus colegas, tomar ba­nho nas turvas águas do rio Paraíba do Sul. A vizinhança toda podia ouvir a ralhação da mãe acompanhada da percussão do chinelo. Uma sinfonia.

Entretanto, as traquinagens da me­ninice não paravam por aí. Em 1900, com apenas dez anos de idade, liderou um grupo de meninos e formou uma banda de música, se é que pode­ria receber este nome um grupo de moleques marchando pelas ruas de Aparecida soprando instrumentos feitos de talo de folha de mamoeiro, e batendo tampas de caçarolas e panelas.

Por: Alexandre M. L. Barbosa


Fonte: http://www.jornalolince.com.br/galeria/musicos/pedro_salgado/pages/pedro_salgado1.php

9 comentários:

  1. Olá
    Fiquei feliz em ver essa homenagem ao meu avô Pedro da Cruz Salgado, desejo muito sucesso aos novos músicos do mundo.

    Luciene dos Santos Pereira
    luciene.com@ig.com.br

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    1. Prezada Lucilene,



      Permita-me apresentar,


      Sou mestre de banda na cidade de Tatuí-SP, tenho um projeto de banda, onde atendo crianças e adolescentes através do ensino musical.
      Há alguns meses estive elaborando um projeto para a realização de um encontro de bandas, mas de uma forma diferente.
      A partir dessa ideia, resolvi juntar quatro bandas e prestar uma homenagem ao Dia do Mestre de Banda, que também se comemora o aniversário de Carlos Gomes e rapidamente recordei que o maestro Pedro Salgado completa 123 anos de nascimento.
      Pois bem! juntei as duas coisas!
      Iniciei a pesquisa e tive a felicidade de entrar em contato com um jornal em Aparecida do Norte que indicou que eu entrasse em contato com o neto do maestro, o maestro Celso Salgado. Eu acreditei que iria conseguir ao menos umas dez músicas do maestro e o Celso, muito gentil, me disse que só possuía duas obras do avô e inclusive me enviou as duas, que por sinal muito belas!
      Dai fui a cata dos armários das bandas da região e tive mais uma surpresa: Um amigo meu, mestre de banda em Porto Feliz, me dissera que o antigo maestro era amicíssimo de Pedro Salgado e que tinha muitas obras do maestro no acervo da banda, pois seu avô o visitava muito em Porto Feliz, era da casa!
      Esse mestre de banda, me envio dez obras de Pedro Salgado, que até então algumas estavam inéditas e há cerca de dois meses estou na luta para editorar, revisar e executar as obras no dia do encontro que será no dia 13/07/2013 as 11:00h na Praça da Matriz de Tatuí-SP
      Tive a honra de falar com a Sra. Eunice Salgado(filha do compositor) o que me encheu de emoção, mas infelizmente ela já tem um compromisso e não poderá participara da homenagem. Mas assim que o material estiver editorado enviarei uma cópia das músicas a ela, que por telefone lamentou em não ter nada do seu pai.
      Se a Senhora puder comparecer no dia do encontro ficaremos extremamente honrados, pois minha linha de pensamento é não deixar que esses baluartes da música brasileira caiam no esquecimento e ainda mais em tempos de tamanha americanização.
      Convido-a para conhecer nosso site www.projetocriancanabanda.com.br e nossa página no facebook que é projeto criança na banda.
      Sem mais, saúdo-vos e atenciosamente me despeço.


      Marcelo Afonso
      (15) 33055095

      P.S. Segue uma música editorada de seu avô

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    2. Vivi durante 33 anos numa rua chamada Pedro da Cruz Salgado, em Pindamonhangaba. Tenho 36 anos, e alguns amigos temos muito orgulho em morar nessa rua, a qual chamamos carinhosamente de "Pedro" . Gostaria de saber se vcs tem mais algumas fotos dele, pois só achei essa e uma em que ele é pequenininho! Se puderem me enviar, meu e-mail é: roniever@hotmail.com
      Ficarei muito agradecido
      Atenciosamente,
      Roni

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    3. Daria tudo para ter conhecido seu avô. Ele, sem dúvida, é minha maior inspiração, especialmente porque toco bombardino. Mestre eterno - Pedro da Cruz Salgado!

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  2. Olá Luciene, meu Avô era amigo do seu. Ele se chamava Avelino Mario da Silva. Tbm musico. Sei que eles montaram uma banda em Cotia. Meu avô cuidou dessa banda por muitos anos.

    bjs

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  3. Oi
    Fico muito feliz em ver esta homenagem ao maestro Pedro da Cruz Salgado, não sou parente mas como ele tambem sou de Arrozal e informo a todos que de onde saiu Pedro Salgado "Arrozal-Pirai-RJ" ainda existe uma banda centenária comandada a muitos anos pelo atual maestro Jacy pereira Guimarães e Geraldo Nogueira Martins onde são tocadas varias obras de Pedro Salgado.
    Um abrço para todos
    Cristiano Carvalho

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  4. Hoje 07/02/14 vi esse artigo sobre meu tataravô e fiquei emocionada com a homenagem e vi ainda meus primos (Luciene e Celso) presentes nesta homenagem!! muito obrigada!!
    Juliana Salgado Ferreira da Silva.

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  5. Hoje 07/02/14 vi esse artigo sobre meu tataravô e fiquei emocionada com a homenagem e vi ainda meus primos (Luciene e Celso) presentes nesta homenagem!! muito obrigada!!
    Juliana Salgado Ferreira da Silva.

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  6. Os grandes sucessos do compositor Pedro Salgado,à nível nacional; são por ordem os Dobrados: Dois Corações; Maestro João Massaini; Treze Listras; Coração de Mãe; e por aí vai.... À propòsito; "Dois Corações"( composto em 1920, na cidade de Aparecida-SP), é considerado sua obra prima. Encontra-se presente no repertório das Bandas militares, civis e marciais de todo o país.( Walmir Dantas- Ribeirão Pires-SP.)

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